quarta-feira, 14 de julho de 2010

Da gaveta

Fronteira


Aos poucos, tudo o que parecia utópica certeza torna-se óbvio.
Concreto. Sagrado.
Tudo está em seu devido lugar.
Em breve, a saudade do que hoje julgo como nostálgico, monótono ou até mesmo insuportável.
E o caminho antes tão escuso já faz sua própria trilha.
[E assim os passos são dados]
Apesar das pegadas não revelarem seus verdadeiros andarilhos.



in pulso

O pólen emana das palavras ternas
que não conseguem contemplar a fuligem desses versos.
É dia, mas a lua já se faz presente. Exata, suscinta, fria.
Numa rude-rede inóspita de simetrias.
As portas entreabertas apontam uma fresta.
À margem do fluxo. Energia funesta.
O que é visto no calor dos olhos não é registrado em máquinas mortas.
As ruas já se calaram.
E são nas esquinas que as perspectivas se encontram.
Em um silêncio que se faz presente em todos os caminhos.
E assim percorrem na trilha da pronúncia.
No impulso que enaltece o velho motor de minúcias.


[tues é day]

"Plagiaram o abrealas de uma canção",
escarrou o cretense num gogó que sibilava
notas ocas numa ostra melódica.
Rasgou-se a partitura.
O míope não consegue ler a tabladura,
mas embanana em pop banal.
Já saquei qual é do zepelin,
mas o floyd é o sigma surrealense
[de seu mapa astral]
Enquanto fá-zem só-los si-nistros na guitarra rouca,
corre solto o berimbau do maestro
[sob o mastro quebrado]
dos meso-sopranos pigmeus na zona franca de Mainz-Maus.


Post Scripitum

Ao cubo apenas em prosa digo. Apesar de muito aquém do vocabulário erudito, repito.
Se não for história entediante pode discursar, fidalgo errante.
Pois a mim só cabe seguir adiante com rimas óbvias. Infantes.
Na retaguarda se retrai a poesia.
Com a (ins)piração foi embora a luz do [tedioso] dia.
Sem idéia, sem saídas. Quem diria...
Mas, calma. Prossigo então com a última tentativa.
Não adianta, a rima se esquiva.
Alguém me sopra um verso, uma brisa ilumina a mente à deriva.
Entra a rubrica[ voz de lástima].
"Que revés reler os versos do verso da página".



[Engavetados. Por B.M. Devaneios Madrugadísticos]